Recentemente, a gerente de uma
loja esbravejava pelo telefone. Falando tão alto que todos puderam ouvir:
"Se ela não vim, vai ser demitida. E se tu vê ela por aí, pode
avisar."
A raiva era tanta que a tal
senhora mandou as regras da gramática lá sabe Deus para onde. Em primeiro
lugar, vamos analisar o"se ela não vim". A frase está exigindo o
futuro do subjuntivo do verbo VIR. Deveria ser: "Se ela não VIER..."
É importante lembrar que a forma
VIM vem sendo muito mal empregada. É a 1ª pessoa do singular do pretérito
perfeito do indicativo (=eu VIM, tu vieste, ele veio, nós viemos, vós viestes,
eles vieram): "Ontem eu não VIM trabalhar".
Outro erro frequente, é o famoso
"eu vou vim". Para quem não entendeu, esse erro ocorre quando o
falante quer dizer "eu vou VIR". Nesse caso, confunde-se o infinitivo
(VIR) com o pretérito perfeito do indicativo (VIM). O melhor mesmo seria dizer
"eu VIREI" (= futuro do presente do indicativo do verbo VIR).
Quanto ao verbo VER, o erro mais
frequente ocorre no futuro do subjuntivo: se eu VIR, tu VIRES, ele VIR, nós
VIRMOS, vós VIRDES, eles VIREM. Portanto, na frase" se tu vê ela",
temos dois erros:
1º) O verbo VER deveria estar no
futuro do subjuntivo, concordando com o sujeito (=TU): "se tu
VIRES...". Também estaria correto: "se você VIR" (=na 3ª
pessoa);
2º) O pronone pessoal reto (ELA)
deveria ser substituído pelo pronome pessoal oblíquo, porque se trata de objeto
direto: "se tu a vires" ou "se você a vir".
Eu sei que essas formas são
poucos usuais no Brasil, principalmente, num momento de raiva, quando o nível
de fala é outro. Ninguém exige uma linguagem formal na hora em que desejamos
desabafar a nossa ira. É nessas horas que o registro vulgar se manifesta. E,
nesses momentos, muitos põem a gramática de lado.
O que nos cabe, como seres
inteligentes que somos, é adequar a linguagem. Em situações informais,
geralmente usamos um registro popular-coloquial, que não se caracteriza pelo
respeito total às normas da gramática.
Entretanto, é importante que isso
não sirva de desculpa para nossa ignorância ou relaxamento. É bom não esquecer
que é necessário ter o conhecimento gramatical para as situações em que o
registro formal seja exigido.
Retirado da Coleção Aula Extra -
Português Sem Complicação - Vol. III Verbos - Professor Sérgio Nogueira, página
04.
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