domingo, 31 de março de 2013

Algumas dicas de Língua Portuguesa

Continuando a nossa série de dicas diárias sobre a Língua Portuguesa, hoje temos:

AFIM ou A FIM?

"Afim" é um adjetivo referente à afinidade. Exemplo: "sentimentos afins". Como se pode ver, o adjetivo "afim", no exemplo, está qualificando o substantivo "sentimentos".

Já "a fim" é um conectivo que indica finalidade (= para). Está presente na locução prepositiva "a fim de". Exemplo: "Estudava muito, a fim de ser aprovado". Note que a locução prepositiva poderia perfeitamente ser substituída pela preposição "para": "Estudava muito para ser aprovado".

DEBAIXO ou DE BAIXO?

Usamos "debaixo" sempre que a seguir vier a preposição "de": “O gato estava debaixo da mesa”; “Escondeu-se debaixo da cama”…

Se não houver a preposição "de", usamos "de baixo": “O apartamento fica no andar de baixo”.

DEMAIS ou DE MAIS?

Só usamos "de mais" quando se opõe a “de menos” na expressão “não tem nada de mais”.

Nos outros casos, quando pode significar “muito, bastante” ou “o restante”, devemos usar "demais": “Comeu demais”; “Os demais devem retornar amanhã”.

ENCIMA ou EM CIMA?

 A palavra “encima” vem do verbo “encimar” conjugado ou na terceira pessoa do singular do indicativo ou na segunda pessoa do singular do imperativo. Tem significado de “colocar em cima de”, “coroar”, “algo situado acima de”, “elevar”. Observe:

1. O slogan criado encima toda a campanha.
2. O gerente foi encimado diretor do departamento financeiro.

Já a expressão “em cima” é um advérbio ou preposição e significa “na parte mais elevada”, “na parte superior”, “sobre”, e é antônimo de “embaixo”. Veja:

1. Esse livro estava em cima da cômoda ou embaixo?
2. Pode colocar em cima da mesa, por favor.


Curiosidade: Por que embaixo se escreve junto e em cima separado? Isso ocorre por uma questão de fonética e também de ortografia. Os fonemas bilabiais “m” e “b” se adaptam facilmente na língua portuguesa, além de ser admitida a união entre eles. Agora, no caso de “em cima” seria necessária a troca do “m” pelo “n”, o que não é aceito ortograficamente, contudo, é muito comum encontrarmos “encima”.

Alienação Fiduciária: prestações em dia, mas IPTU e condomínio em atraso


Por Phelipe de Monclayr

Situação hipotética:

Um credor fiduciário recebeu notificação do município para que providenciasse o pagamento de impostos relativos ao imóvel alienado fiduciariamente, bem como recebeu notificação do condomínio para pagar as contribuições condominiais que o devedor fiduciante não vem pagando.

O devedor fiduciante, muito embora em débito com o IPTU e o condomínio, vem pagando em dia as prestações do financiamento.

A pergunta é: poderia o credor fiduciário, com base no inadimplemento do IPTU e condomínio, e com fundamento no artigo 26, §1º da Lei 9.514/97, requerer a intimação do devedor fiduciante para efetuar o pagamento desses encargos, sob pena de consolidação da propriedade fiduciária?

Resposta:

O artigo de lei invocado é o artigo 26, §1º da Lei 9.514/97, cabendo então analisá-lo:

Art. 26. Vencida e não paga, no todo ou em parte, a dívida e constituído em mora o fiduciante, consolidar-se-á, nos termos deste artigo, a propriedade do imóvel em nome do fiduciário.

§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, o fiduciante, ou seu representante legal ou procurador regularmente constituído, será intimado, a requerimento do fiduciário, pelo oficial do competente Registro de Imóveis, a satisfazer, no prazo de quinze dias, a prestação vencida e as que se vencerem até a data do pagamento, os juros convencionais, as penalidades e os demais encargos contratuais, os encargos legais, inclusive tributos, as contribuições condominiais imputáveis ao imóvel, além das despesas de cobrança e de intimação.

Na situação posta, verifica-se que as prestações “da dívida” mencionada no caput do artigo 26 estão em dia, o que desautoriza a consolidação da propriedade em nome do credor fiduciário.

Quanto ao IPTU, contribuições condominiais e demais encargos contratuais, o §1º dispõe que devem ser exigidos juntamente com a prestação vencida.

Portanto, não existe previsão legal para a intimação do devedor para pagar as contribuições condominiais sob pena da consolidação da propriedade em nome do credor fiduciário.

Logo, o registrador imobiliário não deve proceder à intimação do devedor fiduciante quando se tratar apenas de débitos prediais e condominiais, por absoluta ausência de previsão legal. De igual forma, não é dado ao credor fiduciário o direito de exigir que o registrador promova essa intimação.

Abraço a todos
Phelipe

Documentário do History sobre Albert Einstein



Finalmente um documentário que consegue explicar a um leigo a Teoria da Relatividade. Recomendo porque é muito bom mesmo.

sábado, 30 de março de 2013

Algumas dicas de regência verbal


A regência estuda a relação existente entre os termos de uma oração ou entre as orações de um período. A regência verbal estuda a relação de dependência que se estabelece entre os verbos e seus complementos. Na realidade o que estudamos na regência verbal é se o verbo é transitivo direto, transitivo indireto, transitivo direto e indireto ou intransitivo e qual a preposição relacionada com ele.

Verbos Transitivos Diretos
Verbos Transitivos Indiretos
Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
Verbos Intransitivos


1)      VERBOS TRANSITIVOS DIRETOS

São verbos que indicam que o sujeito pratica a ação, sofrida por outro elemento, denominado objeto direto. Por essa razão, uma das maneiras mais fáceis de se analisar se um verbo é transitivo direto é passar a oração para a voz passiva, pois somente verbo transitivo direto admite tal transformação, além de obedecer, responder, pagar e perdoar, que, mesmo não sendo VTD, admitem a passiva.

O objeto direto pode ser representado por um substantivo ou palavra substantivada, uma oração (oração subordinada substantiva objetiva direta) ou por um pronome oblíquo. Os pronomes oblíquos átonos que funcionam como objeto direto são os seguintes: me, te, se, o, a, nos, vos, os, as. Os pronomes oblíquos tônicos que funcionam como objeto direto são os seguintes: mim, ti, si, ele, ela, nós, vós, eles, elas. Como são pronomes oblíquos tônicos, só são usados com preposição, por isso se classificam como objeto direto preposicionado.

EX: Eu procuro um grande amor
VTD (verbo procurar) + OD (um grande amor)
Quem procura, procura o quê? Resposta: alguém ou alguma coisa, no caso “um grande amor”.
Macete: quando a pergunta que nascer do verbo for “o quê?” ou “quem?”, o verbo é VTD.

Vamos à lista, então, dos mais importantes verbos transitivos diretos: Há verbos que surgirão em mais de uma lista, pois têm mais de um significado e mais de uma regência.

Aspirar será VTD, quando significar sorver, absorver.
Como é bom aspirar a brisa da tarde.

Visar será VTD, quando significar mirar ou dar visto.
O atirador visou o alvo, mas errou o tiro.
O gerente visou o cheque do cliente.

Agradar será VTD, quando significar acariciar ou contentar.
A garotinha ficou agradando o cachorrinho por horas.
Para agradar o pai, ficou em casa naquele dia.

Querer será VTD, quando significar desejar, ter a intenção ou vontade de, tencionar.
Sempre quis seu bem.
Quero que me digam quem é o culpado.

Chamar será VTD, quando significar convocar.
Chamei todos os sócios, para participarem da reunião.

Implicar será VTD, quando significar fazer supor, dar a entender; produzir como consequência, acarretar.
Os precedentes daquele juiz implicam grande honestidade.
Suas palavras implicam denúncia contra o deputado.

Desfrutar e Usufruir são VTD sempre.
Desfrutei os bens deixados por meu pai.
Pagam o preço do progresso aqueles que menos o desfrutam.

Namorar é sempre VTD. Só se usa a preposição com, para iniciar Adjunto Adverbial de Companhia. Esse verbo possui os significados de inspirar amor a, galantear, cortejar, apaixonar, seduzir, atrair, olhar com insistência e cobiça, cobiçar.
Joanilda namorava o filho do delegado.
O mendigo namorava a torta que estava sobre a mesa.
Eu estava namorando este cargo há anos.

Compartilhar é sempre VTD.
Berenice compartilhou o meu sofrimento.

Esquecer e Lembrar serão VTD, quando não forem pronominais, ou seja, caso não sejam usados com pronome, não serão usados também com preposição.
Esqueci que havíamos combinado sair.
Ela não lembrou o meu nome.


2)      VERBOS TRANSITIVOS INDIRETOS

São verbos que se ligam ao complemento por meio de uma preposição. O complemento é denominado objeto indireto.

O objeto indireto pode ser representado por um substantivo, ou palavra substantivada, uma oração (oração subordinada substantiva objetiva indireta) ou por um pronome oblíquo.

Os pronomes oblíquos átonos que funcionam como objeto indireto são os seguintes: me, te, se, lhe, nos, vos, lhes.

Os pronomes oblíquos tônicos que funcionam como objeto indireto são os seguintes: mim, ti, si, ele, ela, nós, vós, eles, elas.

Ex: Eu gosto de Beijar
VTI (verbo gostar) + OI (de beijar)
Quem gosta, gosta de alguma coisa. No caso, gosta de beijar.
Macete: quando a pergunta que nascer do verbo não for “o quê?” ou “quem?”, mas sim uma pergunta que contiver uma preposição, o verbo é VTI.

Vamos à lista, então, dos mais importantes verbos transitivos indiretos: Há verbos que surgirão em mais de uma lista, pois têm mais de um significado e mais de uma regência.


3)      VERBOS TRANSITIVOS INDIRETOS COM A PREPOSIÇÃO “A”:

Aspirar será VTI, com a prep. a, quando significar almejar, objetivar.
Aspiramos a uma vaga naquela universidade.

Visar será VTI, com a prep. a, quando significar almejar, objetivar.
Sempre visei a uma vida melhor.

Agradar será VTI, com a prep. a, quando significar ser agradável; satisfazer.
Para agradar ao pai, estudou com afinco o ano todo.

Querer será VTI, com a prep. a, quando significar estimar.
Quero aos meus amigos, como aos meus irmãos.

Assistir será VTI, com a prep. a, quando significar ver ou ter direito.
Gosto de assistir aos jogos do Santos.
Assiste ao trabalhador o descanso semanal remunerado.

Custar será VTI, com a prep. a, quando significar ser difícil. Nesse caso o verbo custar terá como sujeito aquilo que é difícil, nunca a pessoa, que será objeto indireto.


4)      VERBOS TRANSITIVOS DIRETOS E INDIRETOS

São os verbos que possuem os dois complementos – objeto direto e objeto indireto.

Ex: Chamei a atenção do menino, pois estava conversando durante a aula.
VTDI (chamar) + OD (a atenção) + OI (do menino)

Obs.: A expressão Chamar a atenção de alguém não significa repreender, e sim fazer se notado. Por exemplo: O cartaz chamava a atenção de todos que por ali passavam.


5)      VERBOS INTRANSITIVOS

São os verbos que não necessitam de complementação. Sozinhos, indicam a ação ou o fato.

Ex: As margaridas morreram.
VI (morreram)


6)      REGÊNCIA VERBAL

1- Chegar/ ir – deve ser introduzido pela preposição a e não pela preposição em.
Ex.: Vou ao dentista./ Cheguei a Belo Horizonte.

2- Morar/ residir – normalmente vêm introduzidos pela preposição em.
Ex.: Ele mora em São Paulo./ Maria reside em Santa Catarina.

3- Namorar – não se usa com preposição.
Ex.: Joana namora Antônio.

4- Obedecer/desobedecer – exigem a preposição a.
Ex.: As crianças obedecem aos pais./ O aluno desobedeceu ao professor.

5-Simpatizar/ antipatizar – exigem a preposição com.
Ex.: Simpatizo com Lúcio./ Antipatizo com meu professor de História.

Estes verbos não são pronominais, portanto, considerados construções erradas quando aparecem acompanhados de pronome oblíquo: Simpatizo-me com Lúcio./ Antipatizo-me com meu professor de História.

6- Preferir - este verbo exige dois complementos sendo que um usa-se sem preposição e o outro com a preposição a.
Ex.: Prefiro dançar a fazer ginástica.

Segundo a linguagem formal, é errado usar este verbo reforçado pelas expressões ou palavras: antes, mais, muito mais, mil vezes mais, etc.
Ex.: Prefiro mil vezes dançar a fazer ginástica.


7)      VERBOS QUE APRESENTAM MAIS DE UMA REGÊNCIA

1 - Aspirar
a- no sentido de cheirar, sorver: usa-se sem preposição. Ex.: Aspirou o ar puro da manhã.
b- no sentido de almejar, pretender: exige a preposição a. Ex.: Esta era a vida a que aspirava.

2 - Assistir
a) no sentido de prestar assistência, ajudar, socorrer: usa-se sem preposição. Ex.: O técnico assistia os jogadores novatos.
b) no sentido de ver, presenciar: exige a preposição a.
Ex.: Não assistimos ao show.
c) no sentido de caber, pertencer: exige a preposição a.
Ex.: Assiste ao homem tal direito.
d) no sentido de morar, residir: é intransitivo e exige a preposição em.
Ex.: Assistiu em Maceió por muito tempo.

3 - Esquecer/lembrar
a- Quando não forem pronominais: são usados sem preposição.
Ex.: Esqueci o nome dela.
b- Quando forem pronominais: são regidos pela preposição de.
Ex.: Lembrei-me do nome de todos.

4 - Visar
a) no sentido de mirar: usa-se sem preposição. Ex.: Disparou o tiro visando o alvo.
b) no sentido de dar visto: usa-se sem preposição. Ex.: Visaram os documentos.
c) no sentido de ter em vista, objetivar: é regido pela preposição a.
Ex.: Viso a uma situação melhor.

5 - Querer
a) no sentido de desejar: usa-se sem preposição. Ex.: Quero viajar hoje.
b) no sentido de estimar, ter afeto: usa-se com a preposição a.
Ex.: Quero muito aos meus amigos.

6 - Proceder
a) no sentido de ter fundamento: usa-se sem preposição.
Ex.: Suas queixas não procedem.
b) no sentido de originar-se, vir de algum lugar: exige a preposição de.
Ex.: Muitos males da humanidade procedem da falta de respeito ao próximo.
c) no sentido de dar início, executar: usa-se a preposição a.
Ex.: Os detetives procederam a uma investigação criteriosa.

7 - Pagar/ perdoar
a) se tem por complemento palavra que denote coisa: não exigem preposição. Ex.: Ela pagou a conta do restaurante.
b) se tem por complemento palavra que denote pessoa: são regidos pela preposição a. Ex.: Perdoou a todos,

8 - Informar
a) no sentido de comunicar, avisar, dar informação: admite duas construções:
1) objeto direto de pessoa e indireto de coisa (regido pelas preposições de ou sobre). Ex.: Informou todos do ocorrido.
2) objeto indireto de pessoa ( regido pela preposição a) e direto de coisa. Ex.: Informou a todos o ocorrido.

9 - Implicar
a) no sentido de causar, acarretar: usa-se sem preposição.
Ex.: Esta decisão implicará sérias consequências.
b) no sentido de envolver, comprometer: usa-se com dois complementos, um direto e um indireto com a preposição em.
Ex.: Implicou o negociante no crime.
c) no sentido de antipatizar: é regido pela preposição com.
Ex.: Implica com ela todo o tempo.

10- Custar
a) no sentido de ser custoso, ser difícil: é regido pela preposição a. Ex.: Custou ao aluno entender o problema.
b) no sentido de acarretar, exigir, obter por meio de: usa-se sem preposição. Ex.: O carro custou-me todas as economias.
c) no sentido de ter valor de, ter o preço: usa-se sem preposição.
Ex.: Imóveis custam caro.